Compondo a canção “Cenáculo de Amor”

Rezamos e somos tocados por Deus através da música católica, mas nem sempre conhecemos as fragilidades e adversidades que um músico católico enfrenta antes de compor ou executar cada canção, sua rotina, seus sentimentos e suas lutas.
Em 1997 tive minha primeira experiência pessoal com o Senhor. Foi a partir deste maravilhoso encontro que recebi o chamado e a graça de ser músico católico. Mal sabia eu o tamanho da responsabilidade que teria pela frente e que através deste ministério viriam todos os dias grandes desafios na evangelização e claro, grandes oportunidades de crescer na fé.
O Senhor me permitiu ainda viver inúmeras vezes momentos bons e não tão bons assim ao lado de outros ministros já consagrados e de grande referencia na música católica. Quero partilhar com vocês um desses momentos.
Em 2001 na cidade de Taguatinga/DF eu estava fazendo parte da “Comunidade Vida Reluz” no qual o responsável era meu irmão e amigo Walmir Alencar, um dos maiores cantores e compositores da nossa igreja, na minha opinião. Nesta época, eu tinha ainda muitas dúvidas e questionamentos a respeito da vontade de Deus para mim. Mas em nenhum momento o Senhor me deixou sem resposta, sinto que me colocou muitas vezes diante de desafios e no meu limite.
Ao fim de um desses dias de trabalho na comunidade, o Walmir simplesmente (como se fosse algo fácil pra mim) me chamou pra compor com ele a música “Cenáculo de Amor”, até aí só existia a melodia e o seguinte trecho: Reunidos aqui num cenáculo de amor… Fiquei muito surpreso com o convite e totalmente sem reação, aliás, eu nunca tinha pensado em tamanho desafio naquela época. Este convite, que aparentemente parecia simples, mexeu muito comigo e acima de tudo me ensinou muito. Só me passava pela cabeça à seguinte frase: “E se eu não conseguir compor?” Confesso que eu achava que nunca mais conseguiria compor outra música, pois só tinha feito até então a música “Tudo Podes”, mas tive que passar por esta prova para que Deus me curasse de alguns medos, inclusive o medo de me expor e logo diante de alguém tão capacitado para isso.
Ficamos até às cinco horas da manhã do dia seguinte e como eu já esperava, não consegui contribuir com nenhuma palavra, restando apenas dormir e descansar para os trabalhos do dia seguinte. Acho que eu nunca partilhei isso com o Walmir, mas cheguei a pensar que ele nunca mais me chamaria mais para dar seqüência nesta música ou compor alguma outra canção com ele, mas como era desígnio de Deus e Ele sabia que esses momentos de oração e de transpiração seriam essenciais pra mim e para o meu ministério, eis que o Walmir todo motivado, novamente ao fim de mais um dia de trabalhos na comunidade, me chamou para terminarmos a música.
Com tanta motivação e convicção da parte dele, até eu me animei e passei a confiar que íamos terminar esta música. Mas não pense que foi fácil, tivemos que ficar em oração e trabalhando nesta canção até às cinco horas da manhã seguinte para que em fim Deus nos desse o refrão.
Ao chegarmos ao extremo cansaço sem progredirmos muito, eu virei para o Walmir e disse: “Não dá mais, precisamos dormir”. Ele concordou comigo e pediu para eu fazer a oração final. Jamais imaginei que dessa oração final saísse o refrão inteiro da música, para o meu alívio. Enquanto eu fazia a oração, o Walmir mudou completamente sua expressão facial, e como quem estava admirado, sem acreditar no que estava acontecendo e com os olhos escancarados só esperou eu terminar a oração pra começar a cantar: “Vinde, Espírito Santo! Vinde por meio da poderosa intercessão do Imaculado Coração de Maria, vossa amadíssima esposa, vossa amadíssima esposa”. Depois disso a música foi se completando e eu louvo a Deus por esta experiência e por tudo aqui que o Senhor tem feito através desta canção.
 
Deus abençoe!
Um abraço,
Nando Mendes

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